A importância da música na liturgia

A Música como Parte Essencial da Liturgia

    A música desempenha um papel crucial na celebração litúrgica da Igreja. Ela é muito mais do que um complemento à oração; é uma forma de oração em si, que une a comunidade em louvor e adoração a Deus. Desde os primeiros tempos do cristianismo, a música foi reconhecida como um meio de expressar a fé e a devoção dos fiéis, ajudando a elevar suas almas e corações a Deus.

    O Concílio Vaticano II, através da Constituição Sacrosanctum Concilium, promulgada em 1963, trouxe uma renovada compreensão sobre a importância da música na liturgia. Este documento foi fundamental para destacar a música como um componente essencial da celebração, reforçando a necessidade de um envolvimento mais profundo dos fiéis na liturgia e proporcionando diretrizes claras sobre seu uso e sua função dentro da Igreja.


1. A Música Como Parte Integral da Liturgia

    O Sacrosanctum Concilium reforça que a música não é apenas uma adição à liturgia, mas uma parte integral dela. No parágrafo 112, a Igreja afirma que a música sacra atinge seu propósito quando está profundamente conectada à ação litúrgica:

"A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica. Seja por ornar a oração com mais solenidade, seja por favorecer aunidade dos corações, ela contribui para que a mente se eleve a Deus."

    Isso significa que a música deve estar intimamente associada à oração, realçando o mistério celebrado e unindo a comunidade de fiéis. Quando cantamos durante a liturgia, estamos participando de uma oração comum, em comunhão com toda a Igreja.

 

2. Participação Ativa dos Fiéis

    Um dos grandes objetivos do Concílio Vaticano II foi garantir que os fiéis participem ativamente da liturgia. Nesse sentido, o canto tem um papel essencial, pois permite que todos os presentes participem da oração litúrgica de forma direta e plena.

    O documento sublinha a importância da música ao promover essa participação ativa:

“Promova-se com grande solicitude o canto litúrgico do povo, de modo que os fiéis possam participar ativamente nas celebrações” (Sacrosanctum Concilium, 114).

    Por isso, a escolha das músicas deve considerar a facilidade com que a comunidade pode participar. Embora a qualidade da música seja importante, sua acessibilidade é crucial para que todos possam se unir ao canto, participando plenamente da celebração.

 

3. A Tradição da Música Sacra

    O Sacrosanctum Concilium também reafirma o valor da tradição musical da Igreja, com destaque especial para o Canto Gregoriano. O parágrafo 116 do documento afirma:

"A Igreja reconhece o Canto Gregoriano como próprio da Liturgia Romana; por isso, em igualdade de condições, ocupa o primeiro lugar nas ações litúrgicas."

    No entanto, o documento não restringe a música litúrgica a um único estilo. Outras formas de música sacra, desde que respeitem o espírito da liturgia e promovam a oração, também são bem-vindas. Isso inclui o uso de instrumentos musicais, que, quando adequadamente utilizados, podem enriquecer a celebração.

 

4. A Música Como Expressão de Comunhão

    A música é também um meio poderoso de promover a comunhão entre os fiéis. O canto é uma expressão tangível da unidade da Igreja. Quando todos se unem em um mesmo cântico, essa ação reflete a união espiritual e a partilha de uma mesma fé.

    A música litúrgica não é apenas uma expressão pessoal, mas uma ação comunitária. Ela reflete a unidade dos corações e das vozes que se voltam a Deus, como afirma o Sacrosanctum Concilium:

"A Igreja universal une-se com o Cristo em louvor ao Pai, pelo Espírito Santo, e é nessa dimensão comunitária que a música litúrgica encontra seu verdadeiro sentido."

 

Para lembrar

  • A música é parte essencial da liturgia: Não é um acessório, mas uma oração.
  • A participação ativa dos fiéis é fundamental: O canto deve ser incentivado para que toda a comunidade se envolva na celebração.
  • A tradição do Canto Gregoriano deve ser preservada, mas também há espaço para novas expressões musicais, desde que respeitem a dignidade da liturgia.
  • A música é uma expressão de comunhão: Cantar juntos é uma forma de unir os corações e as vozes em louvor a Deus.
  • O objetivo da música na liturgia é sempre glorificar a Deus e elevar espiritualmente a assembleia.


Referências:

ACIDIGITAL. A música não é ornamento, mas parte essencial da liturgia, diz o Papa Francisco. 2023. Disponível em: https://www.acidigital.com/noticia/58959/a-musica-nao-e-ornamento-mas-parte-essencial-da-liturgia-diz-o-papa-francisco.

Concílio Vaticano II. Sacrosanctum Concilium (1963). Constituição sobre a Sagrada Liturgia.

Catecismo da Igreja Católica, n. 1156-1158.

CNBB. Documentos da Igreja sobre a Música Litúrgica.



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