Nos tempos mais difíceis do oitavo século aprouve a Deus auxiliar a sua Igreja de maneira singular, ou seja, através de uma criança.
A cidade de Viterbo era um ninho de maniqueus e, assim sendo, costumava apoiar o imperador Frederico contra o Papa. Ora, nasceu em Viterbo uma criança que recebeu o nome de Rosa. Foi qual uma flor que desabrocha ao alvorecer. Desde a mais tenra infância, já erguia os olhos para o céu e parecia toda abrasada de amor divino. Suas primeiras palavras foram os nomes de Jesus e de Maria; seu primeiro movimento livre foi ajoelhar-se diante do crucifixo e da imagem da Virgem. Com a idade de três anos, suplicou a seu pai que lhe permitisse viver numa pequena cela rezando e trabalhando. Por vezes o amor de Jesus Cristo lhe inflamava tão fortemente a alma que durante a noite era obrigada a deixar o leito e ir para as ruas e praças cantar com voz angelical os louvores do Esposo celeste.
Deus, para ligar mais estreitamente essa admirável criatura à cruz de seu Filho, enviou-lhe uma grave moléstia; acreditavam que fosse expirar a qualquer momento, quando avistaram uma nuvem resplandecente; rodeada por um sem-número de virgens, a Santa Virgem Maria apareceu a Rosa, ordenou-lhe que se levantasse, restabelecida, e que, depois de envergar o hábito da Ordem Terceira de São Francisco, fosse pregar a justiça, a penitência e a paz aos habitantes de Poggio e de Viterbo. Rosa contava, então, nove ou dez anos de idade.
Animada por uma coragem sobre-humana, aquela menina pobre e fraca imediatamente obedeceu. E, como os profetas de Israel, percorreu as ruas de Viterbo, pregando a penitência e atraindo as bênçãos do céu sobre os defensores da Igreja Romana. Combatia intrepidamente os heréticos, refutava-lhes os erros com argumentos cheios de bom senso. Parecia evidente a todos quantos a ouviam que o Espírito Santo falava pela sua boca. Os heréticos insurgiam-se contra ela, faziam-lhe as mais terríveis ameaças para que se calasse. Mas a menina continuava a falar com entusiasmo ainda maior, dizendo-se disposta, pelo amor e em defesa da fé católica, a afrontar alegremente a morte.
Furiosos, os heréticos dirigiram-se ao comandante imperial de Viterbo e obtiveram que fosse expulsa da cidade juntamente com seus pais. Isso ocorreu no meio de um inverno rigoroso. A donzela e seus pobres pais, transpondo as montanhas, refugiaram-se em Soriana. Uma noite, Rosa soube por revelação que a vitória da Igreja estava próxima e disse no dia seguinte: "Alegrai-vos, fieis cristãos! Dentro em breve ficareis a par de uma grande notícia." E poucos dias depois chegou a Viterbo a notícia de que o perseguidor da Igreia, o imperador Frederico, havia morrido.
Santa Rosa prosseguiu em seus sermões e nos seus milagres. A fim de provar aos maniqueus a verdade da fé católica, entrou numa enorme fogueira, onde permaneceu até que esta se consumisse. Tal milagre converteu uma mulher herética, conversão que foi seguida por várias outras.
Tendo regressado a Viterbo, onde foi acolhida com grande alegria, Rosa viveu mais dois anos na sua pobre cela, na casa de seu pai, e faleceu com a idade de doze ou treze anos. Seu corpo, enterrado durante cerca de trinta anos, foi depois exumado por ordem do papa Alexandre VI, a quem a santa apareceu três vêzes. Seus restos foram encontrados incorruptos e assim se conservam até os nossos dias.
Texto extraído de: Vida dos Santos, Padre Rohrbacher
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