A música tem um papel central no louvor a Deus, e o músico é chamado a ser um servidor da Igreja e da comunidade. Esse chamado vai além da habilidade musical: é uma vocação ao serviço humilde e à busca constante da santidade, refletindo a graça de Deus através da arte.
Ser músico na Igreja não é apenas
uma questão de talento, mas de missão.
O Músico como Servo
Na Igreja, o músico é chamado a servir com humildade, reconhecendo que a sua música é um canal para aproximar os fiéis de Deus. Esse serviço, porém, exige uma postura de entrega e sacrifício, que reflita o exemplo de Cristo, que disse:
"Quem quiser ser o primeiro entre vós, seja servo de todos" (Mc 10,44).
O serviço prestado à Igreja através da música é, antes de tudo, um serviço ao próprio Cristo e à comunidade dos fiéis. O Papa São João Paulo II, em sua Carta aos Artistas (1999), reforça a ideia de que a arte deve levar ao transcendente:
"A beleza é a chave do mistério e um chamado ao transcendente. Ela é uma expressão do desejo profundo do coração humano pelo Infinito." (n. 16).
O músico, ao prestar esse serviço, deve estar sempre consciente de que seu dom é uma ponte para o divino. Na Liturgia, ele tem a responsabilidade de ajudar a comunidade a rezar através da música, como ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 1156):
"A tradição musical da Igreja constitui um tesouro de valor inestimável, que sobressai entre as outras expressões da arte, principalmente porque, sendo o canto sacro intimamente unido com o texto, ele constitui parte necessária ou integrante da liturgia solene."
O Chamado à Santidade
O serviço do músico não é apenas um
ofício, mas uma jornada pessoal de santidade. A santidade é o grande
chamado de todos os cristãos, como afirmou o Concílio Vaticano II, em
sua constituição Lumen Gentium (LG 39): “Todos na Igreja, quer pertençam à
hierarquia ou sejam dirigidos por ela, são chamados à santidade.”. Isso
inclui o músico, que deve ver seu serviço como parte de sua própria caminhada
espiritual.
O Papa Francisco, na
exortação apostólica Gaudete et Exsultate, nos lembra que a santidade se
manifesta em pequenas ações cotidianas, mesmo as aparentemente simples: "A
santidade é o rosto mais belo da Igreja" (GE 9). Portanto, o músico, ao
exercer seu ministério com dedicação, paciência e humildade, caminha rumo à
santidade. Ele não está apenas tocando um instrumento ou cantando;
está contribuindo para a missão da Igreja de santificar o mundo.
Além disso, São Paulo nos exorta em sua Carta aos Colossenses:
"Tudo o que fizerdes, fazei-o de coração, como para o Senhor e não para os homens" (Col 3,23)
Esse
versículo deve ser o lema de todo músico que serve na Igreja: cada acorde, cada
melodia deve ser oferecida ao Senhor como um ato de adoração e entrega.
Santidade e Serviço: Um Exemplo
de Vida
Nós, membros da Pastoral da Música, somos chamados a ser um exemplo para a comunidade, não apenas pela qualidade da música, mas também pelo nosso comportamento dentro e fora da Igreja. Precisamos sempre lembrar as palavras de São Francisco de Assis:
"Pregue o Evangelho o tempo todo. Se necessário, use palavras."
O músico que serve com espírito de humildade, santidade e dedicação é um testemunho vivo da fé, mostrando que sua música é um reflexo de sua vida de oração e compromisso com Deus. Assim, precisamos de uma vida interior profunda, alimentada pela oração e pela Eucaristia, para que nosso serviço seja, de fato, um ato de louvor autêntico.
Para lembrar:
- O serviço musical na Igreja é uma vocação, um
chamado a servir a Deus e à comunidade com humildade.
- O músico deve ser um instrumento de santificação,
tanto através de sua música quanto de sua vida de oração e compromisso com
Deus.
- A santidade é o chamado de todo cristão, e o músico
também deve buscar crescer na fé e na espiritualidade.
- O serviço na música litúrgica não é apenas uma
performance, mas um ato de adoração que deve levar a comunidade a uma
experiência mais profunda com Deus.
- São Paulo, São
João Paulo II e Papa Bento XVI destacam a importância da
santidade no serviço ao próximo e na música litúrgica.
- A música litúrgica deve ser uma ponte para o
transcendente, ajudando os fiéis a se conectarem mais profundamente
com Deus durante as celebrações.
Referências:
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